No terceiro capítulo sobre a mineração sustentável da bauxita na Amazônia, a Oeste retrata histórias de pessoas que têm transformado suas vidas por meio da educação, um legado que a MRN tem construído com os povos originários do Boa Vista e Alto Trombetas II
Para Jean William Fritz Piaget – ou somente Piaget, um dos mais importantes pensadores do século XX, “o principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram”. Mesmo sem saber quem foi o biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço que cunhou a frase acima, Sara Quaresma parece estar construindo uma história de vida inspirada nos ditos de Piaget e inspiradora para novas gerações.
Ela cresceu na comunidade quilombola Boa Vista, nos arredores de Porto Trombetas, e, desde pequena, sonhou com uma jornada diferente. Para isso, apostou em um caminho desafiador, mas que a levaria aos seus sonhos: o da educação. “Minha mãe precisava cuidar dos meus irmãos, o que dificultava que ela me levasse à escola. Eu sempre tive paixão pela escola e não queria ficar para trás. Debaixo de chuva ou sol eu estava lá. Depois que eu cresci, aprendi a ir sozinha, busquei minha independência”, conta ela, que hoje, aos 30 anos, é analista de Relações Comunitárias da MRN.
Depois de se formar em Engenharia Florestal, pela Universidade Federal Rural da Amazônia, não parou de estudar. Fez pós-graduação em Gestão e Educação Ambiental, pelo Instituto Educacional do Rio Grande do Sul (IERGS), e agora cursa MBA em Projetos Sustentáveis e Inovações Ambientais, pela Universidade Federal do Paraná. “Desde pequena, acreditei que a educação poderia me proporcionar um futuro melhor e lutei por isso”, afirma a jovem.
O ponto de virada dessa saga começa quando ela se torna aluna da Escola Professor Jonathas Pontes Athias (gerida atualmente pelo Colégio Equipe), a princípio empreendida para os filhos dos empregados da empresa. Por meio de dois programas educacionais – o de Apoio ao Ensino Básico (PAEB) e ao Ensino Superior (PAES), a MRN expandiu o acesso à educação de qualidade para a comunidades quilombolas da região. As crianças do ensino básico são beneficiadas com materiais escolar e didático, transporte e alimentação, e os jovens do ensino superior recebem bolsa mensal para cursos presenciais e à distância, além de passagem aérea e/ou fluvial anual de férias para visitar a família, pois geralmente os cursos são realizados em outras cidades, como Santarém, Belém e Manaus.
Em 2015, a Organização Nações Unidas (ONU) propôs a criação da Agenda 2030, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – sendo a educação de qualidade um deles. Já em 1997, a MRN fez seu primeiro investimento em educação. Os programas, que começaram de forma voluntária, hoje contam com um orçamento anual de R$ 3 milhões. Para Guido Germani, CEO da companhia, essas iniciativas refletem o compromisso da MRN em estimular o desenvolvimento sustentável da região. “Um dos principais legados que a empresa pode deixar para a população é realmente o conhecimento porque isso será um alicerce para o resto da vida deles”, afirma Germani.
Até 2021, 520 estudantes foram apoiados pelos programas. Jeferson dos Santos, de 36 anos, foi um deles. Assim como Sara, ele é oriundo do território Boa Vista e estudou na Escola Professor Jonathas Pontes Athias. Formado em Química, pela Universidade Federal do Amazonas, Jeferson trabalhou na MRN por 12 anos, parte deles gerenciando a relação da empresa com as comunidades. A bagagem foi essencial para alçar voos e investir na carreira de consultoria socioambiental, atuando na gestão de diálogos intersetoriais entre sociedade civil, empresas e governos, com o objetivo de empreender iniciativas sustentáveis do ponto de vista econômico, ambiental e social.
Ele conta que aprendeu com a mãe a importância de garantir os direitos das comunidades tradicionais. Uma consciência que veio a partir dos encontros Raízes Negras, que nasceu no final da década de 1980 na região do Baixo Amazonas, em prol das comunidades remanescentes dos quilombos pelo direito à propriedade de suas terras. “A educação é um agente transformador de vida. É por meio dela que você consegue galgar patamares que, sem ela, não seria possível”, afirma ele.
E este caminho do conhecimento tem sido trilhado por novas gerações. É o caso de Clemerson Durão, 15 anos, estudante do primeiro ano do Ensino Médio e bolsista do PAEB. O propósito dos seus pais, Ordélia e Cledinaldo Durão, é poder proporcionar a ele uma educação de qualidade. “Eu quero que ele estude e se forme”, diz o pai orgulhoso pelo histórico escolar do filho, que é elogiado pelos professores, consegue boas notas e ainda se dedica à prática de esportes e à música.
Mas o garoto multitarefas conta que seu plano é ser médico. “Sonho ajudar as pessoas da minha comunidade”, revela ele que, apesar da pouca idade, demonstra um senso de responsabilidade com suas raízes. Este sentimento de cuidado com os seus é recorrente nas pessoas do Boa Vista e Alto Trombetas II. E no próximo capítulo dessa jornada, continuaremos navegando pelo labirinto aquífero da região para conhecer mais sobre seus moradores, suas histórias de vida e a forma como eles têm construído um futuro mais sustentável, estimulados pelos projetos de responsabilidade social corporativa da MRN.
Quer conhecer as histórias contadas pelos próprios personagens? Confira o canal da Mineração Rio do Norte no Youtube.
Com informações da Revista Oeste.