Caso de intensa alergia ao leite será apresentado em congresso internacional de pediatria, promovido pelo Hospital da Criança
Em alguns casos raros, o método de alimentação mais natural do mundo – a amamentação de um bebê – pode se tornar um processo bastante complexo. No DF, por exemplo, um bebê teve um caso raro de alergia manifestada no leite materno.
A história do paciente, que começou a ser acompanhada pelos médicos em 2020, será apresentada nesta sexta-feira (28/4) no Congresso Internacional da Criança com Condições Complexas de Saúde, que está sendo realizado em Brasília e é promovido pelo Hospital da Criança.
É possível um bebê ter alergia ao leite da mãe?
Casos como esse são raros. O que se manifesta não é exatamente uma alergia ao leite materno, mas às substâncias que fazem parte da dieta da mãe e que acabam sendo transmitidas pela amamentação.
Pediatras alertam que alimentos como leite e ovo, quando chegam ao sistema digestivo de bebês que não nasceram preparados para recebê-los, acabam provocando reações alérgicas de variadas gravidades.
“No caso deste bebê, ele nasceu com uma alergia ao leite de vaca tão intensa que passou a apresentar sangramento nas fezes por absorver essa substância via amamentação”, afirma a gastropediatra Renata Seixas. Ela foi uma das responsáveis pelo caso, ao lado do gastropediatra José Tenório.
A criança hoje tem 3 anos e a família preferiu manter o anonimato dela. “Nos casos em que a gente observa rajas de sangue nas fezes de um bebê, o mais recomendado é que as mães procurem o pediatra para orientar uma outra dieta de amamentação”, afirma José Tenório.
Cada vez mais comum
No caso do bebê do DF, após o leite ter sido cortado da alimentação da mãe, ele passou a mamar normalmente. Um tempo depois, o leite foi incluído na dieta da criança como ingrediente em receitas de bolos e pães, e ela parecia não ter mais o problema.
Com o tempo, porém, notou-se que a criança apresentava um crescimento abaixo do esperado. “A alergia dele não foi se manifestando com reações rápidas. Ele não manifestou problemas na pele, ou reações imediatas. A alergia voltou silenciosamente, parando o crescimento da criança, provocando refluxo, e deixando ela com um peso abaixo do indicado para a idade”, aponta Renata Seixas.
“O que nós temos vivido é uma epidemia de alergias alimentares entre as crianças. Elas têm aparecido cada vez mais cedo em nossos consultórios com alergias, especialmente a leite, ovo, soja e trigo”, aponta José Tenório.
Após a suspensão definitiva do leite de vaca da dieta da criança desse caso no DF, já foi observada uma regularização no peso e na altura em apenas três meses.
Cuidados nas restrições alimentares
Os médicos, porém, orientam que os pais não façam restrições alimentares por conta própria. Para os especialistas, é importante que as restrições sejam orientadas pelos profissionais de saúde.
“Devemos ter cuidado com o diagnóstico. Não diagnosticar uma alergia pode ter consequências graves, como no caso do bebê brasiliense, mas também identificar alergias onde elas não existem é um erro”, diz Renata.
“Dietas restritivas demais acabam mascarando os sintomas e, muitas vezes, se busca substituir alimentos que são muito ricos do ponto de vista nutricional por outros que são mais pobres. No caso do leite de vaca, por exemplo, não se deve usar bebidas à base de soja ou arroz que são muito mais açucaradas e que não fornecem o cálcio que a criança necessita”, conclui o médico.
Por: Metrópoles