A equipe social do Educandário Santa Margarida continua em busca por parentes da pequena Vitória, como foi registrada a bebê que nasceu na calçada em frente à Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, no dia 25 de janeiro.
O coordenador de Planejamento do abrigo, Eduardo Vieira, disse que esse procedimento é feito por cerca de 30 dias. E, se após esse prazo não for localizado nenhum familiar, um relatório com todas as informações é encaminhado ao judiciário que deve decidir se ela vai ou não para adoção.
“Ainda não temos novidade, continua na fase de pesquisa por parentes. Ela continua aqui no educandário, está bem de saúde, se alimenta bem. Não pode receber visita, porque quando não tem parentes é só com autorização do judiciário”, informou Vieira.
A menina foi levada da maternidade para o abrigo no dia 28 de janeiro, após decisão da 2ª vara da Infância e Juventude.
Mãe continua internada
Quanto à mãe da criança, que tem transtornos mentais, ela continua internada no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac) desde o dia 28 de janeiro, quando foi transferida da maternidade. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (10) pela direção do hospital.
A diretora do Hosmac, Caroline Formiga, afirmou que não poderia informar qual o diagnóstico da mulher por uma questão de sigilo do médico-paciente. Em entrevista ao g1 no dia 31 de janeiro, a médica chegou somente que a mulher tem um quadro delirante.
Atendente afastada
Após o ocorrido, a Maternidade Bárbara Heliodora abriu uma sindicância e afastou de forma temporária a servidora que recebeu o caso inicialmente. O g1 tentou contato com a gerente-geral da Maternidade, Laura Pontes, nesta quinta (10), mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
Apesar de afirmar que não houve em nenhum momento negativa de atendimento por parte da profissional, a diretora afirmou, em entrevista no último dia 31 de janeiro, que é preciso averiguar todos os fatos. Além disso, ela afirmou que a medida é também por uma questão de segurança da própria atendente.
“Foi afastada porque a gente tem que apurar os fatos e também por uma medida de segurança da servidora. Eu preciso saber o que está acontecendo. E também temos que definir essa questão do atendimento. Abrimos sindicância mais na intenção de melhorias no atendimento aqui da unidade”, afirmou Laura.
MP apura se houve negligência
O Ministério Público do Acre informou que está investigando se houve negligência no atendimento à grávida. Em nota, o procurador-geral de Justiça Danilo Lovisaro do Nascimento defendeu que haja uma apuração rigorosa do caso.
“Para apurar, a 1ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde instaurou notícia de fato requisitando, no dia 25, informações à Maternidade Bárbara Heliodora, assim como questionou sobre o funcionamento do fórum perinatal e as providências que foram e serão adotadas no caso visando à proteção da parturiente e da criança”, diz a nota.
O Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera), órgão auxiliar no MP-AC, também acompanha a mãe, que se encontra em tratamento no Hospital de Saúde Mental do Acre. “Se trata de uma paciente com transtornos mentais e com problemas decorrentes do consumo abusivo de álcool e, por isso, será necessário inseri-la na rede de saúde mental”, informou a nota.
Busca por parentes
A conselheira tutelar que acompanhou o caso enquanto a mãe e a criança estavam internadas na maternidade, Ana Paula Costa, afirmou que foi feito um levantamento sobre a mãe do bebê para tentar localizar parentes. Mas, que localizada somente uma senhora que a ajuda desde 2015. No entanto, essa pessoa apenas tem vínculo emocional com a genitora, por isso, não foi possível entregar a criança para ela.
Na casa dessa senhora que a ajuda, que fica no bairro Taquari, região do Segundo Distrito de Rio Branco, ela tem um quarto, com cama e roupas, mas acaba ficando muitos dias pelas ruas da capital.
“Juntamente com a equipe do serviço social da Maternidade, nós conversamos com algumas pessoas que conhecem a história dessa mãe e tem uma senhora que cuida dela desde 2015, mas que não tem nenhum vínculo biológico com ela. Então, nós não podemos entregar uma criança para uma pessoa que só tem um vínculo emocional, é totalmente fora da lei. Por isso, precisamos fazer todos esses encaminhamentos à Justiça”, afirmou.
Bebê nasceu em calçada
O caso da mulher que deu à luz uma menina em frente à maternidade de Rio Branco chocou a população da capital. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava a bebê no chão da calçada chorando enquanto a mulher está de pé ao lado.
Um morador que passava pelo local presenciou a cena e disse que chegou a pedir ajuda no hospital, mas que funcionários da recepção se negaram.
O homem, que preferiu não ser identificado, disse que a mulher chegou a tentar atendimento na maternidade, mas não conseguiu. Ela então desceu as escadas da unidade de saúde e, próximo ao estacionado, o bebê acabou nascendo. Essa versão é negada pela direção do hospital.
Com informações do Portal G1.