Nenhum direito é absoluto.
E por que não? Porque ele deixa de ser legítimo quando se torna um
óbice para o direito individual do seu próximo ou, mais gravemente,
quando fere o direito coletivo. Se o seu ato suprime um direito maior,
me perdoem o trocadilho infame, mas “o seu direito deixa de ser
direito”.
Do que falo, especificamente? Das dezenas de bloqueios que persistem
nas rodovias brasileiras desde o resultado das eleições presidenciais
desse ano. É nada razoável paralisar o país e submeter a população –
inclusive de mesma ideologia – a desabastecimentos de toda ordem,
em que se destacam combustíveis e gêneros alimentícios (que
perecem sem o devido e temporal acondicionamento).
Sem a livre circulação nas estradas a moeda deixa de circular também.
São afetados o agronegócio, a indústria e toda variedade comercial.
Com a escassez dos produtos tudo encarece e dificulta ainda mais a
dura missão da classe mais desassistida desse país de sobreviver.
E não são raras as constatações de barreiras armadas, reativas e
reacionárias e sem o mínimo de empatia e consternação pelas aflições
alheias.
Esses “guardiões da democracia” não tem apreço sequer pela vida de
quem luta para se manter vivo.
E são completamente alienados de que ainda vivemos um estado
sanitário de exceção, que o seu inconformismo e extremismo é
espoleta para uma nova explosão endêmica.
Está sobrando “senso de justiça” e faltando humanidade.
É democrático divergir do resultado das eleições, mas o país não pode
ficar à mercê dos que não concordam com a apuração final do sufrágio.
Se o seu protesto impede a livre circulação e afeta a normalidade das
cidades, me desculpem o atrevimento, mas o seu protesto é
antidemocrático.
O Estado não pode renunciar da sua autoridade policial e tem que ser
célere e efetivo no restabelecimento da ordem nas rodovias brasileiras. Ser paralítico agora é aceitar o Estado de desgoverno.
É desobstruir pelo constitucional direito de ir e vir.